segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Merecimento

Merecimento
Com frequência aparecem anúncios publicitários, a oferecer vantagens e inevitavelmente aparece o chavão, “PORQUE EU MEREÇO”.
O merecimento banalizou-se de tal forma, que atitudes extraordinárias deixaram de ter merecimento, ao passo que qualquer pessoa que nunca fez nada de extraordinário merece ser bela, ser tratada com todo o carinho, ser (pintada, cromada e polida) e viver eternamente em ocioso repouso, e exaltada em capas de revistas de conteúdo duvidoso ou mesmo de jornais aparentemente sérios.
O merecimento deixou de ser apanágio de pessoas que para além do cumprimento dos seus deveres cívicos morais ou religiosos, se entrega ao bem comum nas mais diversas áreas.
Hoje em qualquer lado tropeçamos com os slogans, Você merece, Nós merecemos, qualquer coisa que é fruto da banalidade das atitudes mais mesquinhas.
As atitudes caritativas, altruístas e de amor pelos outros perdeu o direito ao merecimento. Este direito fica reservado a quem, casa e descasa, veste desta marca ou daquela, besunta a cara com este ou aquele creme tem alguns centímetros a mais de altura ou consegue fazer palhaçadas que sejam notícia vendável.
Triste mundo este em que vivemos, em que cada vez mais valemos menos, não pelo que somos, não o que produzimos, mas o que consumimos.
E atrás disto, vai a educação dos nossos jovens, que bem cedo vão exigindo coisas “QUE MERECEM” mesmo quando os pais se esfalfam para colocar o alimento na mesa.
Todos merecem tudo, ninguém tem obrigações.