domingo, 2 de agosto de 2009

PATRÕES

Recordo-me de atitudes de patrões ou chefes prepotentes e arrogantes que nem imaginavam o quanto eram odiados pelos que hierarquicamente estavam dependentes de si. E esta atitude muito ao invés do pretendido, não resultava em mais produtividade ou melhor trabalho.
As pessoas para produziram, material ou intelectualmente, têm que ser incentivadas, acarinhadas e respeitadas.
Cada pessoa é uma pessoa e as suas capacidades são individuais. Trabalhei com gente lenta mas eficaz e que raramente cometia erros. Também trabalhei com homens que se desfaziam em esforço às vezes sobre-humano mas que cometiam alguns erros que depois demoravam mais tempo a reparar.
Lembro-me de uma vez ter ido tratar dum assunto a uma oficina na qual havia um patrão déspota e fiquei alarmado com uma atitude que o homem tomou, enquanto conversava comigo e que eu nunca imaginei que tal fosse possível.
Eram 18h e o pessoal estava de saída. Um a um iam perguntando: snr. Fulano, posso sair? Ele olhava para a oficina e dizia: pode! -A determinada altura um dos últimos a sair, depois de ter deixado o torno em que trabalhava impecavelmente limpo perguntou se podia sair e a resposta foi: Não!
Isto repetiu-se por três ou quatro vezes, sem que tivesse justificado a atitude de não o deixar ir embora. O empregado voltava para trás e com desperdícios, relimpava o torno para voltar a perguntar se podia ir embora.
A certa altura sem saber que mais fazer, colocou-se de cócoras a inspeccionar o torno e descobriu uma pequena broca pousada por baixo da bucha do torno e foi coloca-la num quadro na parede onde todas as ferramentas estavam meticulosamente ordenadas.
Voltou a perguntar se podia sair e a resposta desta vez foi: Sim!
É de enaltecer quem tem um local de trabalho limpo e ordenado mas, com atitudes de respeito pelas pessoas que consigo trabalham, nunca com esta prepotência atroz.
Com que gosto pelo trabalho volta uma pessoa assim tratada? Que alegria levará no dia seguinte para se dedicar ao trabalho?
Há pessoas que só se sabem relacionar com os outros aos berros, com ordens impossíveis de cumprir e com a referência de quem manda.

1 comentário:

  1. Mais uma vez concordo e cá vai uma a que assisti quando estagiava nas oficinas de Campanhã da CP, lá por 1967.
    Um idiota qualquer de Lisboa decidiu que nas oficinas de Campanhã se devia trabalhar no dia de S. João, feriado municipal do Porto. Sabes como o S. João é sagrado para nós...
    Pois nesse dia os torneiros não atinavam com as medidas das peças de bronze e foram dezenas de tarugos para a sucata, com os custos inerentes.
    Certamente que o autor da ideia teve uma medalha pela atitude de "mostrar quem manda!"

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